"Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver”.
(Dalai Lama)


segunda-feira, 30 de abril de 2012

TEMPO e PRESSA


MILHA NOTURNA
Breve reflexão sobre o tempo e sua pressa

 
Gosto de fazer caminhadas. Costumo separar uma ou duas noites por semana para esta prática, utilizando as passadas para um tempo de oração, reflexão, fomento de projetos e organização do dia que vem.
Numa dessas “jornadas” pensava justamente sobre o ritmo frenético dos dias, que nos faz afundar num emaranhado de compromissos, afazeres, pressas e atrasos. Como é comum dizermos e ouvirmos:
- Não tenho tempo! Não dá! Impossível!
Por vezes a demanda é o trabalho, por vezes o lazer, a igreja, por vezes a família. E despedindo-nos daquilo que realmente nos preenche, os dias vão perdendo a graça, ganhando tons de cinza e de auto-anulação. Assim escapam, escoam, se vão.
O engraçado é que durante uma destas minhas “milhas noturnas”, enquanto pensava nestas questões, numa rua sossegada da vila, me deparei com uma coruja. Sim, aquele animal noturno belíssimo que normalmente se vê no campo. Há muito tempo não via uma coruja, desde a infância na cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. Naquele instante paralisei, com medo que meu movimento a afugentasse. Observei-a. Observou-me também. Ela estava na guia da calçada e, depois de alguns instantes abriu suas asas e, num salto, ganhou o céu. Por um momento o seu voo teve a lua cheia ao fundo. Que imagem linda!, pensei.
Confesso que aquilo me encantou. Vê-la mudou minha rotina e aquele dia deixou de ser um dia comum, para ser o dia em que revi uma coruja.
Desta experiência conclui que é importante que tenhamos novas balizas na existência, a fim de que os dias não sejam iguais. Li certa feita que a criança é tão empolgada com a vida por que em seu universo é tudo novidade. A noção da passagem do tempo é diferente para ela: cada dia tem um gosto especial. Deixo aqui a dica. Um pouco de criatividade diante da vida, tornando-a relevante pela simples percepção de que não estamos presos em nossas limitações, mas plenos de oportunidades dignas do Evangelho.
Para que nos livremos desta impressão de que nossa vida está passando depressa, importa conhecer lugares, trocar a rota, repartir flores, conhecer pessoas, experimentar um doce, redescobrir o entorno. Importa rever corujas. Importa que haja novidade.
Todo dia deve ter a oportunidade de ser único e especial.
Que nas tuas “milhas” diurnas e noturnas o teu olhar esteja sensível a perceber as novas direções para as quais o próprio Deus está te apontando.
Olhai as aves do céu!

 
Por Jonatas Cavalheiro – Pastor Metodista
Extraído da Revista Conexão – nº 206 – Março/Abril de 2012

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Passagem do Tempo (nossos velhos)



Pais heróis e mães heroínas do lar.

Passamos boa parte da nossa existência cultivando estes estereótipos.


Até que um dia o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça.

A rainha do lar começa a te dificuldade de concluir as frases e dá prá implicar com a empregada.

O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para outra?

Envelheceram. Nossos pais envelhecem. Ninguém havia nos preparado para isso.

Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas.

Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez deles serem cuidados e mimados por nós, nem que para isso recorram a uma chantagenzinha emocional.

Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que nãos abem eles inventam.

Não fazem mais planos a longo prazo, agora se dedicam a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu.

Estão com manchas na pele.

Ficam tristes de repente. Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos, que reluta, em aceitar o ciclo da vida.

É complicado aceitar que nossos heróis e heroínas já não estão no controle da situação. Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina.

Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo.

Ficamos irritados se eles se atrapalham com o celular ou outro equipamento e ainda não temos paciência para ouvir pela milésima vez a mesma história como se acabassem de tê-la vivido.

Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento co o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis.

Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi.

Essa nossa intolerância só pode ser medo. Medo de perdê-los, e medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais.
Com todas as nossas irritações, só provocamos mais tristeza àqueles que um dia só procuraram nos dar alegria.

Por que não conseguimos ser um pouco do que eles foram para nós? Quantas noites estes heróis e heroínas passaram ao lado de nossa cama, medicando, cuidando e medindo febres...

E nós ficamos irritados quando eles esquecem de tomar seus remédios, e ao brigar com eles, os deixamos chorando, tal qual crianças que fomos um dia.

É uma enrascada essa tal de passagem do tempo.

Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros...
Ainda mais quando os outros são papai e mamãe, nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar, e que agora estão dando sinais de quem dia irão partir sem nós.

Façamos por eles hoje, o melhor, o máximo que pudermos, para que amanhã quando eles já não estiverem mais aqui conosco...

Possamos lembrar deles com carinho, de seus sorrisos de alegria e não de lágrimas de tristeza que eles tenham derramado por nossa causa.

Afinal, nossos heróis e heroínas de ontem...

Serão nossos heróis e heroínas eternamente....

(Martha Medeiros)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

As estrelas ainda estão lá


Conta-se a história de dois viajantes que, em seus camelos, atravessavam as escaldantes areias do deserto. Lentamente, avançavam pela árida extensão, seguindo as pegadas de uma caravana que os antecedera.
De repente, violenta tempestade de areia começou a varrer a inóspita amplidão. O furioso e inclemente vendaval, quente e sufocante, soprava incontido, revolvendo em um turbilhão frenético a gigantesca massa de areia, a ponto dos desolados viajantes mal poderem avistar os camelos a seu lado. Por fim, cessou a ventania e tudo voltou à calma outra vez.
Ao contemplarem agora o cenário, o panorama havia mudado completamente. Cada monte de areia havia mudado de fora e de lugar. Todo arbusto que antes se via, agora estava desaparecido embaixo da desolada extensão de areia. As poucas e tênues pegadas pelas quais eles se orientavam, tinha, desaparecido totalmente. Um deles, após procurar, em vão, qualquer indício ou sinal que os ajudasse na tomada do rumo, deixou cair os braços em gesto de completo desânimo e, angustiado, falaou:
- Estamos perdidos, estamos completamente perdidos.
O outro nada tinha a dizer. Naquela noite, entretanto, depois que o sol se pôs para além do horizonte ocidental, levantou os olhos para o céu estrelado e disse esperançoso:
- Não, não estamos perdidos. As estrelas ainda estão lá.

Assim se dá conosco. O cenário de nossa vidas transmuta com tanta rapidez que pode deixar-nos perplexos. Aqueles em quem mais confiamos nos podem desencantar. Podemos ceder ao desespero, nos acharmos perdidos, além de toda esperança. Mas ao volvermos os olhos para o céu, para o Criador, ao invés de nos perdermos na enganosa contemplação das cercanias que nos envolvem, podemos perceber que as estrelas continuam lá.
E, então, compreendemos que se o Criador pode semear milhões de estrelas nas amplidões, se pode manter o universo em perfeita ordem, com precisão absoluta, então podemos ficar bem certos de que não será de outra forma que Deus considera as nossas vidas.
Nosso retorno nunca é ao mesmo lugar onde começamos, mas sempre a um lugar mais alto. Ficamos mais sábios e mais ricos. Independentes daquilo que nos atinge.
Não importa a preocupação, a frustração ou o pesar que você levou para a cama ontem à noite... O dia de hoje traz consigo a esperança de uma mudança radical.
Lembre-se, as estrelas continuam lá...


"...O choro pode durar uma noite, 
mas a alegria vem pela manhã."
Salmos 30.5


Abraços e um ótimo final de semana!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Um dia você aprende que...


Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, que companhia nem sempre significa segurança,
e começa a aprender que beijos não são contratos, e que presentes não são promessas.
Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança;
aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo,
e aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam...
aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai ferí-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais, e descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida;
aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida, e que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que eles mudam;
percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa,
por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas;
pode ser a última vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Começa a aprender que não se deve comparar-se com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde se está indo, mas se você não sabe para onde está indo qualquer lugar serve.
Aprende que ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.
Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se;
aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou;
aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha;
aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens; poucas coisas são tão humilhantes... e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando se está com raiva se tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.
Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém; algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás, portanto, plante seu jardim e decore sua alma ao invés de esperar que alguém lhe traga flores,
e você aprende que realmente pode suportar...
que realmente é forte e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
Descobre que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar,
se não fosse o medo de tentar.

William Shakespeare